Marcelo Veloso

MÃOS POSTAS À MESA

O que se aponta,

e numa culpa ampara

decifrando o engodo,

que sem motivo, escancara,

quer fazer a gente acreditar,

que tudo é mera revelação,

e nada comove, nem remove,

o gestual da indignação.

 

E no encontrar palavras,

singelezas são expostas,

ardilosas e mancomunadas tramoias,

são transformadas em resposta,

engrenando um celebrar estéril,

enveredada em uma vã sutileza,

emoldurada por uma bandidagem,

no ritual de mãos postas à mesa.

 

E o resultado já está contaminado,

prenunciado em uma carnificina,

clara e evidenciada numa pilhagem

pelas labiosas aves de rapina.

E as mãos postas à mesa,

mais do que um gesto de entrega,

é a expressão débil de um grupelho

que foi embevecido pela vingança cega.