Elfrans Silva

OS PRISIONEIROS

O passarinho preso na gaiola
na cumeeira quente do telhado
força um canto ao sol que o assola;
dom do artista, hoje humilhado.

Imagina  o frescor de um riacho
num zig-zag  livre pelos ares
vasto mundo pra cima e pra baixo
e o  alimento fresco dos pomares.

Asas soltas,  levado pelo vento
ou à tarde de regresso para o ninho
No bico levava o alimento
à sua prole, feliz, o passarinho

Alguém chega pra mudar a sua sorte
roubar seu mundo de tantas alegrias
Por sua vida lhe propõe a lenta morte
e a prisão por suas melodias.

Por instinto e a sua natureza,
no impulso da sobrevivência...
vê o  pão disposto sobre à \"mesa\"
na armadilha servido sem clemência.

Um gesto de tamanha traição
sem remorsos no coração do homem
que por cruel ganância e ambição
explora a dor daquele que tem fome.

Pobre ave, de canto mavioso
se retrai na morada de arame
quando perto, chega o ser maldoso
também preso em sua alma infame.

Olhar daqui, olhar de lá, tanto faz
salvo uma expressa diferença
está fora, o pior dos animais
está  dentro, um animal que pensa.

Separados estão pela mesma grade
( lembro aqui, adágio  verdadeiro )
A ave presa, merece a liberdade
Ele, solto, em si mesmo prisioneiro.