Novembro

formas

Gosto de escrever ditos poemas pois ganho um pretexto para falar. Entenda-me, eu não sou do tipo que fala, nem age de forma geral, sem um motivo. Então é-me muito difícil falar apenas por falar das coias mais urgentes de meu espírito. Vou demonstrar: qual a melhor forma para dar à minhas palavras nesse escrito? Quero dizer, quantas sílabas, quantas estrofes, quantas rimas, quantos versos? Não. Não quero nada disso, não quero limitações. Mas ainda assim me são vitais desde que só falo contra elas. As formas me são odiosas e ainda assim um álibi, possibilitadoras de meu discurso. Também não é de meu interesse jogar em sua vista palavras técnicas e elitistas como \"metalinguagem\", foda-se a metalinguagem. Tem coisas que ao serem explicadas perdem toda graça. Aqui trata-se de sentir, de despejar sentimentos de culpa e violência para fora, em vez de deixar que me consumam ou destruam a outros. Sou um técnico não de palavras, mas de minha existência. Não me gabo disso pois todos nós somos, de formas tão diferentes que não possuem definição precisa, mas existem, é claro. O fato de não possuirem um nome apenas as deixa mais encantadoras, como uma presença mística ancestral e misteriosa, tão diferente da vontade de saber que perscruta cada coisinha que apareça. Eu canto por letras, palavras desafinadas mas libertadoras, libertadoras pois desafinadas. Já deu um grito hoje? É bom.