Marcelo Veloso

SEMOTO. NÃO PRESO!

Essa pandemia me tirou o fôlego,

me deixou sem ação,

sem abraço e até sem emoção.

 

Me fez recuar no meu modo de agir,

prendeu minhas intenções, meu conviver e vigor,

fez de tudo para tirar minha paciência,

mas não conseguiu me desapegar do amor.

 

Amor que tenho a Deus, por mim e pelos meus,

amor que retumba nas amizades construídas

durante muitos anos de minha vida.

 

E que, apesar de não poder ter contato presencial,

não me impede do relacionamento virtual,

essa nova modalidade de conexão que me conduz,

não é a mais conveniente, mas, nesse momento,

é a mais resistente aos riscos que o momento traduz.

 

Olho pela janela e vejo um horizonte triste,

mas meu coração a esse sentimento resiste

e faço as contas desse tempo recluso, semoto.

 

Meço o grau do afastamento convivente,

não considero maldigno e nem intolerável,         

assim, de uma força sinérgica, busco me abastecer,

em recolhimento, nas minhas orações,

e que me faz tão bem o sentir do aceitar do meu viver.

 

O espaço nos induz a um fechamento, uma aprisionar solitário,

repicado do privar de informações, que parece sonegar ao imaginário

uma previsão de momentos de compadrio.

 

Também nos invoca a ter resistência,

a não nos entregar ao comodismo e à fantasia

e tampouco ao exagero zureta,

permanecendo disposto a enfrentar o destempero da letargia.

 

Esse tempo é de aprendizagem, sem engano,

tempo de entender o significado de ser humano,

de ser um humano digno de ser de Deus.