Divaldo Ferreira Souto Filho

Lixo humano

Nosso corpo é um lixão encoberto por pele

Sobre a qual passeiam pássaros cinzentos

Pelos encravados, tatuagens ao vento

Feitas pelo pincel do grande arquiteto

 

Ou, talvez, pela natureza

Que também foi construída

Pelo arquiteto à ruína

Junto com nós, lixões

 

Nossos cheiros são sensações

Não do que bebemos ou comemos

Em todo aquele processo químico

Mas do que pensamos

E, por isso, fedemos tanto

 

Todos juntos, os lixos

Hospitalares, recicláveis, orgânicos

Praça de desejos contaminada

Em pânico

Somos nós

 

Fede! fede! fede! Fede!

O super homem de Nietzsche

Pode ser forte em imaginar

Em qualquer praia, rio se banhar

Que vai continuar a feder

Vish!

 

Ah! Certo quem diz

Os garis, pobres coitados

Quando forem

no condomínio humano pegar lixo

mesmo com teto de juiz

deveriam ser dispensados