Marçal de Oliveira Huoya

Testamento

Ela afundou
Nas águas profundas
Do esquecimento
Se foi por amor
Ou afogamento
Não houve testemunhas
Nem testamento
Ele se inclinou
E olhou pela murada
Viu a sua face esbranquiçada
Se turvar claramente
A medida que afundava
Soltando bolhas de agonia
Lágrimas de ar que flutuavam
E choravam a medida que subiam
Seu rosto pálido
Trêmulas ondas de refração
Esquálida visão
Tudo túrgido e macilento
Se distanciando a cada momento
Até desaparecer nas profundezas
Ele ainda esperou por mais um tempo
Mas depois se levantou com tristeza
E seguiu na direção do vento...