Ainda que eu caminhasse por todas a avenidas, estradas e vielas
em todas as direções do meu mapa labiríntico eu não chegaria até você
Tal qual desbravador cego e sedento por águas novas
abrisse caminhos por meio de tantas pernas
não seriam ainda as tuas
não beberia mais do teu vinho
Que eu buscasse pistas deixadas para trás, que rebuscasse a mim mesmo em meu vazio
nas constelações dos meus neurônios
teu brilho não estaria alumiando meus meridianos, não
Olhasse eu as muitas fotografias que todavia permanecem não te vería
os olhos como os rios nunca são os mesmos assim como se por trivialidades dessa vida eu esbarrasse com teu rosto pelas horas do dia ou da noite
não te reconheceria
não seria minha admiração teu riso
E quando meu próprio consciente, quase que autoconsciente, perguntasse o porquê
já não haveria resposta ou questionamentos
só apatia e a inerente sensação de talvez ter deixado para trás alguma coisa que carrego quase sempre mas não mais sei o que é
E por mais que por teimosia me esforçasse pra sentir outra vez tua presença
pra te evocar de volta do limbo do baú das coisas perdidas
Só encontraria a lacuna tão branca e vasta, imensa e eterna, onde se encontram os restos mortais de uma lembrança que foi esquecida.