Era uma vez uma Italiana ,
Brasileira mas sangue Italiano.
Era ela, minha Avó, minha senhora,
Tinha uma mercearia mas adorava costurar um pano ...
Dona Lourdes, ah que saudade!
Maria de Lourdes Marcon chamava na verdade...
Amava Nelson Gonçalves e vivia a cantar,
\"Veeeerrmelho vinte e sete\" e eu, menino, ria até chorar.
Encerava o chão de taco que virava escorregador ,
E la vinha eu menino deslizando pelo corredor.
Fazia de brisa um furacão para manter a família unida,
Visitava cada filho e das fofocas curava a ferida.
Fazia bonecas para doação no Natal,
Deu me a primeira bicicleta, e me ensinou no quintal.
Perguntava a cada neto o que queria comer,
No total eram oito, e na mesa um prato para cada iria ter...
Me ensinou muito mais, me ensinou atitude
Que honra era do homem dever e nao virtude
Que o tango era o som do amor traduzido
E logo o \"vermelho 27\" virou música para meus ouvidos.
Minha senhora, escreveu um livro de poesia,
qual até hoje não pude ler pois meu pai nao permite.
Não sei o motivo, mas este ainda sofre é se toco no assunto fica triste.
Deixo passar, ela me mostrou a arte, e mais tarde a vida me ensinaria.
Ah Dona Lourdes! Sempre com a família tão preocupada,
Omitiu uma enfermidade mortal para não causar tristeza,
Lembro-me de dias antes vê-la chorar na mesa,
E só descobrimos quando na maca ja estava deitada.
La ia ela , atras de Nelson, escutar seu tango preferido no céu .
Na minha vida, estrutura como homem teve um fundamental papel,
Com certeza cuida de nós de onde está.
E no meu coração amor,saudades e orgulho de ser seu neto é o que há!
Vida que segue saudades que fica: \"Veeeeeermelho vinte e sete!\"