JUCKLIN CELESTINO FILHO

OS PAIS DA MENTIRA

As regras do jogo viciadas,

Invalidam da partida -

A lisura  do resultado .

O jogo jogado 

Com artimanhas e mentiras,

Com mentira, se faz o resultado. 

Não há Tonho,

Nem Totonho ,

Chico,

Ou Francisco ,

Que aguentem as cacetadas 

De tanta mentira junta!

Até reclama a defunta,

E balança  a cabeça o Capelão,

Incrédulo com as bordoadas.

Chateado, esbraveja o Sacristão:

- A mentira agora é moda.

É preciso que não a escondamos,

Tapando o sol com uma peneira!...

Já não se sabe

O que é mentira,

O que é verdade 

Não se sabe. 

No carrilhão que gira a roda,

O que mais cabe 

De rolo nesta quadra absurda

Em que nos deparamos?

 

Não é brincadeira!

Quando a mentira é cínica 

E vil aos bocados,

Dá nojo e asco escuta-la.

Mas não se pode dela fugir,

Por ter virado rotina a determinado 

Grupo mentir!

Fala-se muito, muito se fala.

É falação à vontade:

Bastante bla bla e asneira

Despespejados -

Os mais esdrúxulos recados

Do ordenança ao general. 

E quando o circo pega fogo,

E esquenta a fornalha,

E de um foguinho,torna-se um fogaréu .

Ainda gracejam os camaradas:

Que tem isso de ruim,

Em resenha nacional ?

Que tem, enfim? 

Ora ,  é  pura metáfora !

Simples brincadeirinha! -

De uma bobagem, fazem um escarcéu!

Dizem, deixando

Os que não entedem nada 

Das suas bravatas,

Boca aberta, pasmados .

 

Responde o Sacristão 

Ao sisudo Capelão:

- Não compreende mesmo , mano,

São simples trocinhas

Pra enganar Grego e Troiano,

Invencionices, gracinhas 

À mão cheia disparadas,

Sandice tamanha!...

Não entendeu, irmão,

Qual o propósito da patranha?

São mumuias disfarçadas,

Lorotas, enrolação,

Como se trouxessem a veracidade 

Dos fatos com empulhação...!

Apenas um título lhes  cabe:

São os pais da mentira, bem se sabe,

Pois mentem, como mentem,

Por só terem

Para se contraporem à verdade ,

As mentiras que inventem!