Tenho tempo
Tenho tempo e não barganho
A demanda é grande
E o pão não esta ganho
Tenho chorado rios, mares e oceanos
Vejo navios perdidos e faróis esquecidos
Órfãos da tempestade
Que anseiam por repouso
E uma noite tranquila
Sem susto, sem violência
Com a certeza do retorno
e o almoço em familia
Coisas simples e corriqueiras
Que não requer planos
Nem avisos com antecedências
Tenho tempo
Só não tenho a tal liberdade
E apesar de tudo,
Eu ainda sei sorrir
Um sorriso de verdade
No lombo eu trago as marcas
De todas as crueldades
Se eu bater em sua porta
Por favor, não me ignore
Põe a chaleira no fogo
Me ofereça um café
Se possível, sirva um pão
Para eu me manter de pé
Coisas simples e corriqueiras
que acontecem no mundo
Pelo menos no meu mundo
Acontece
Chamamos isto de vida
Tenho tempo
Se tens café!
Já temos um bom começo.