JUCKLIN CELESTINO FILHO

QUE DIZEM OS ASTROS?

I

- Que dizem os astros, Maria,

Na noite tão fria,

Vazia de luares e estrelas?

Que dirão sobre nuvens escuras,

No véu de tantas  amarguras,

Toldando o céu cor de anil

Do nosso querido Brasil?

II

Que traz este novo tempo de horrores?

Um tempo pejado de dores,

Tormento e atrocidade,

Cortando na carne tão fundo,

Semelhando o fim do mundo:

Uma nova era que foge aos preceitos 

Da anormalidade!

III

- Não ouve, Maria,

Minha amada guria,

A voz lacrimejante,

Do sol itinerante 

A confabular  tristemente

Com o vento errante,

Na longa noite, trevosa  e pungente?

IV

São dores que trazem,

Que fazem

Verterem-se lágrimas 

Dos olhos do Astro-Rei no poente;

São vozes  tão tristes , dolentes,

Cortantes , plangentes,

Que ferem a alma da gente;

V

São vozes de um novo tempo de agruras!

Um longo e tenebroso inverno ,

Cortando fundo na carne, triste, sofrido,

Macerando o angustioso momento 

Deste novo tempo  que temos vivido

Na longa noite de desventuras,

 De perdição,  de  inferno!