Não querem mais
Só querem tudo
Porém tudo, tudo completamente
Ainda é pouco
E não satisfaz
Por isso sempre voltam
Com escadas nas muralhas
Canalhas da sofreguidão
Cigarras que vão tocando violão
E invadem o formigueiro
Ocupando o lugar inteiro
Expropriam o trabalho das formigas
Empurrando o seu trabalho com a barriga
Metástases preguiçosas
Cultivam espinhos e despetalam as rosas
Vão em frente
E massacram os resistentes
Apontam o dedo para os inocentes
Tomam mesmo o que nem é necessário
Quem não lhes serve é adversário
Sobrevivem vivendo no ócio
Hunos que espalham o mal
Ferem e sangram
Mas nada disso é pessoal
A maldade é só um negócio
Verdadeiros milagres da ciência
Fenômeno incomum da reticência
Estão em todo lugar
Não estando em lugar algum
A quintessência da esperteza
Do nada surgem de surpresa
Senhores de clones vazios
Derretem com um elogio
Um cala boca, um faz-me-rir
Adoradores do alheio
A carne é fraca, o bolso é cheio
E o Paraíso é aqui...