Maximiliano Skol

DUPLA VIVÊNCIA

Ultimamente a vida tem me sido

De dupla duração quando eu me estendo

Em sonolento tempo— que dormido

Não é  um desperdício, mas o adendo

 

A minha farta idade em que sou ido.

Pois do diurno sono eu vou me tendo,

Em sonhos, muito além do perecebido

Pelos eventos reais que estou vivendo.

 

Em meus restantes dias que são parcos

Carrego abatimentos como marcos

De uma monotonia inalienável.

 

No entanto, do meu sono, desligável 

Da vigília atual, vivo a gozar

Dupla vivência, ganha no sonhar.