Ultimamente a vida tem me sido
De dupla duração quando eu me estendo
Em sonolento tempo— que dormido
Não é um desperdício, mas o adendo
A minha farta idade em que sou ido.
Pois do diurno sono eu vou me tendo,
Em sonhos, muito além do perecebido
Pelos eventos reais que estou vivendo.
Em meus restantes dias que são parcos
Carrego abatimentos como marcos
De uma monotonia inalienável.
No entanto, do meu sono, desligável
Da vigília atual, vivo a gozar
Dupla vivência, ganha no sonhar.