I
Deus, tu que fizeste o céu estrelado,
Que deste teu Filho,
Para tirar do mundo o pecado,
Que puniste Sodoma e Gomorra
Devido à orgia,
Que fazes o sol nascer todo dia!
Senhor, não permitas,
Que homens cruéis
Tomem conta do mundo !
Meu coração alucinado palpita!....
Suas cordas de violão plangente
Se agitam...
A qualquer momento vão estourar...!
Vão estourar, pois já
Não podem suportar
O quadro de miséria que campeia!...
Vejo que fizeram da crueldade -
Uma bandeira!
Do amor - já não falam,
Está quase a perecer!...
Vejo sangue do mesmo
Sangue que se odeia,
Brigar até morrer!
II
Em meio à tempestade de maldade,
Tu, Pai, fizeste um anjo baixar à terra -
O Santo Padre!
Mas o homem, animal traiçoeiro!
Abutre carniceiro!
Túmulo fétido onde encerra
Toda podridão e atrocidade,
Tentou tirar a vida do bondoso Papa
João Paulo II , que ainda o perdoou!
III
Vejo Natal que se aproxima.
Festa sublime que rima:
Com alegria, paz e amor!
Vejo muitos nadarem em ouro!
Colocarem as mãos no tesouro!
Viverem em palácios deslumbrantes !
Enquanto a criança pobre,
Da casa de barro batido,
Onde só vigora a fome, o frio e a dor,
Não tem direito a nada.
Pra ela, Natal não existe!
É por demais triste,
Vermos em plena noite de Natal,
Uma criança que chora...
Pedir por amor de Deus
Uma esmola,
Um presente, um carinho...
Um pouco de atenção!
IV
Arrebenta, coração, arrebenta!
Tira de mim a tormenta!
Me fecha os olhos à maldade!
Quero esquecer o preconceito,
Amar meu irmão,
Ter por ele respeito,
Aos lábios - uma palavra de consolo!...
Quero esquecer a fera
Que dentro de nós age como pantera -
Sempre à traição,
E nos torna um ser mau!
V
Quero ver a criança,
Desfraudar a bandeira da esperança.
Que a vida lhe seja um esplendor:
Pão e conforto em sua casa,
Um futuro encantador!
Mas a realidade
É um algoz implacável
Que adora o crime, a maldade!...
E seus olhos cegos pela crueldade
Não enxergam inocentes crianças
Que pedem pão, carinho, compreensão!
Mas há de vir um dia,
Em que entoaremos
Na harpa da alegria -
A canção redentora!...
E não mais, minhas queridas crianças,
As verei sofrendo,
Chorando, se maldizendo!
Em suas casas,
Haverá abundância de alimentos!
A felicidade enfim, reinará!
VI
Foi bonito o meu sonho de poeta,
Que vê o mundo
Por um visor maravilhoso :
Sem dores, sem guerras,
Sem sofrimento!
Um paraíso, um encantamento!
No meu delírio,
Esqueci-me que em Roma,
Se prega o amor, a religião,
E em contradição
A Máfia, oriunda da Sicília,
Aterroriza o mundo que se assusta
Com tanta tirania!
As Nações vestem o emblema da paz.
Fala-se muito em amor ao próximo.
No entanto,
Vejo uma dama sanguinária
Que, indiferente às dores e prantos,
Prossegue na sua escalada sangrenta:
Matando pessoas inocentes,
Dízimando cidades,
Com requinte de perversidade!
Sabem o none dessa beldade
Que irá destruir a terra?
Chama-se a guerra!
VII
Arrebenta, coração, arrebenta!
Tira de mim a tormenta!
Tira de mim tanta aflição!
Me faz esquecer o mundo cão!
Chora, poeta, chora!
Jamais acabará seu tormento!
0 mundo é mau por excelência -
Esbraveja a voz possante do vento!