Por que brilha o sol, aquecendo
Toda criatura na face da terra?
Será que o ser humano, merece esta Dádiva do Criador?
II
É o homem, o pior dos animais:
O único macho que maltrata a fêmea,
O único que rouba e mata por dinheiro!
III
Os chamados Animais racionais
Deleitam-se com a desdita do próximo,
Graças à sua natureza perversa,
Mesquinha e oportunista,
Porque a vaidade
É que alenta-lhes a alma!
O preconceito e a arrogância
É o que lhes dá prazer!
Querem mais e mais
O que pertence aos outros!
Querem mais e mais
Pisotear pessoas!
E para conseguir
Objetivos seus escusos,
Não importa a quem
Vão atingir!...
Se ao pai, a mãe, ao irmão, a filha...
Não importa!
O mundo é mau por excelência!
IV
Quem a qualquer momento, pessoa
Em quem você muito confia,
E pensa ser seu amigo,
Lhe dará um golpe rasteiro,
Arrando-lhe do peito - o coração?
Pois escondida à traição a fera
Que dentro de cada um habita -
Espreita, espera,
Trama na surdina,
A hora propicia pra lhe cravar
As garras!
V
Desconfie às vezes, do beijo
Que lhe foi dado na face,
Do aperto de mão, das palavras
De consolo, de tanta gentileza!
Desconfie, porque sua alma
Desconfia que tanta bondade
Pode encobrir a essência
Da maquinação, da maldade!
A qualquer momento,
Pode vir a punhalada!
VI
Por que se fez triste de repente,
O poeta às vezes sensível, às vezes lírico,
Às vezes mordaz, às vezes ardente?
O que lhe tolda a face?
Por que a tristeza lhe agasalha a alma?
Quer dar um sorriso,
Mas sua alma é triste!
Quer entoar seu canto,
No entanto,
Lhe vem o pranto!
Mas que suprema ironia!
Tudo não é festa?!
Finda o ano, embalado pelos festejos:
Muitos abraços, bastante beijos,
Sorrisos à beça , a mesa farta,
Votos de paz, prosperidade
E felicidade
Para o ano vindoro!
Quanta hipocrisia!
Depois que passa o fulgor
Da festança, da euforia,
Dos votos de felicidade,
Dos tapinhas nas costas
Ao som de desejo-lhes tudo de bom,
Uma vida melhor,
Volta nua e crua a realidade
Para cobrar seu preço:
É cada um por si!
E que o mundo exploda,
Girando indiferente a tudo!