JUCKLIN CELESTINO FILHO

A DOR QUE DO POETA AGASALHA A ALMA

 

Por que brilha o sol, aquecendo

Toda criatura na face da terra?

Será que o ser humano, merece  esta Dádiva do Criador?

II

É o homem, o pior dos animais:

O único macho que maltrata a fêmea,

O único que rouba e mata por dinheiro!

III

Os chamados Animais racionais

Deleitam-se com a desdita do próximo,

Graças à sua natureza perversa,

Mesquinha e oportunista,

Porque a   vaidade

É  que  alenta-lhes  a alma!

O preconceito e a arrogância 

É  o que  lhes dá  prazer!

Querem mais e mais 

O que pertence aos outros!

Querem mais e mais 

Pisotear pessoas!

E para conseguir

Objetivos seus  escusos,

Não importa a quem

Vão atingir!...

Se ao pai, a mãe, ao irmão, a filha...

Não importa!

O mundo é  mau por excelência!

IV

Quem a qualquer momento, pessoa 

Em quem você  muito confia,

E pensa ser seu amigo,

Lhe dará um golpe rasteiro,

Arrando-lhe do peito - o coração?

Pois escondida à traição a fera

Que dentro de cada um  habita -  

Espreita, espera,

Trama na surdina,

A hora propicia pra  lhe cravar

As garras!

V

Desconfie às vezes, do beijo

Que lhe foi dado na face,

Do aperto de mão, das palavras 

De consolo, de tanta gentileza!

Desconfie, porque  sua alma

Desconfia que tanta bondade

Pode encobrir a essência 

Da maquinação, da maldade!

A qualquer momento,

Pode vir a punhalada!

VI

Por que se fez triste de repente,

O poeta às vezes sensível, às vezes lírico,

Às vezes mordaz, às vezes ardente?

O que lhe tolda a face?

Por que a tristeza lhe agasalha a alma?

Quer dar um sorriso,

Mas sua alma é triste!

Quer entoar seu canto,

No entanto,

Lhe vem o pranto!

Mas que suprema ironia!

Tudo não é festa?!

Finda o ano, embalado pelos festejos:

Muitos abraços, bastante beijos,

Sorrisos à beça , a mesa farta,

Votos de paz, prosperidade 

E felicidade

Para o ano vindoro!

Quanta hipocrisia!

Depois que passa o fulgor

Da festança, da euforia,

Dos votos de felicidade,

Dos tapinhas nas costas 

Ao som de desejo-lhes tudo de bom,

Uma vida melhor,

Volta nua e crua a realidade

Para cobrar seu preço:

É cada um por si!

E que o mundo exploda,

Girando indiferente a tudo!