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Marçal de Oliveira Huoya

Gatas

Ela muda
Meio sem jeito
Resignada com a vergonha
Não pode contar a alguém
Não pode contar com ajuda
Enquanto uma mão
Que vai e vem
Passeia por seu peito
Enquanto ela sonha
Com o que já está sendo feito
E vem o desejo
Resiste ao ser varrida
Pelo hálito e pelos beijos
Suspira ao ser despida
De panos, trapos e pejos
Ele vai bem na ferida
E não lhe dá ouvidos
Provocando o insuportável
Retesando os seu sentidos
Pelos ritos da culpa e do medo
Num tempo incalculável
Vai usufruindo o seu brinquedo
Uma súbita palidez, um arrepio
Seguida de um rubor
O cheio se sentindo vazio
Quis dizer que ela chegou
Amor de uma gata no cio...