Isabela Fenix

Mente desesperada

Mente desesperada
Eu não consigo sorrir
Muito menos dormir
Já cansei daqui
De toda essa casa
Minha vida passou a se resumir nas paredes deste quarto por quatro.
Já aprendi
Já decorei todas as nuances deste quarto por quatro
Estou a ponto de enlouquecer
Se mais um mês permanecer
Dentro deste quarto
Desde março vendo o pôr do sol através destas grades
Deste quarto
Sinto minha mente indo pelo ralo
Mente desesperada
Indo e indo
Junto com as microparticulas desde ar
Veja
Ali
Será, minha mente descendo pelo ralo?
Serei eu?
Eu ali, em meio ao ar
Me indo
Em várias partes
Indo
Quando canso de deslizar meu olhar
Fixo, no canto do quarto
Naquele buraco, por onde sai a pequena fresta de luz
E deixo minha mente ir...
E é, tipo, uma viagem sem maconha
Briza
Mãos gélidas
Respirações descompassadas
Não há nexo, neste mundo.
Nem direção
Apenas uma mente desesperada tentando não se afogar neste momento tão difícil.
Ah, pela fresta viajo.
E altos e altos papos
Altos e baixos
Confissões
Ilusões
Acredito que estou na ponta do precipício
Balançando e balançando
Briza... Pelas frestas.
Meu miolo espalhado pelo quarto.

Entre a razão e a loucura
Entre os dois lados
Minha mente é heroína
Ah, heroína!
Entre os dois mundos viajo
Sem um pingo de pinga.
Tentando não enlouquecer com a mente desesperada.