Carlos Lucena

BOCA DE FOGO

BOCA DE FOGO

Em cada caminho uma brasa
Em cada grão de terra uma faísca arrasa.
As labaredas em ciclone sobe ao céu
Numa decomposição astral.
E As nuvens revestidas de um véu
De pálios negros e negro temporal
Tragam o fumo que no céu resvala.
E a terra a soluçar tremendo
Entorpecida sua voz se cala.
Gritando combalida e gemendo
Dar-se ao torpor do ácido
Que embriaga.
Nem uma brisa que sopre do poente
Nem uma gota que possa reduzir a praga
Nem um vapor que chegue do nascente
Traz-lhe alívio, sobra de uma vaga .
Arde ó bruta chama!
Tece teu fogo em minhas veias
Já que não escutas o grito de quem te clama
E nem debela o fogo que ateias.
Bruta!
Maldita !
Ó chama alcoolizada
Embriagada chama que crepita.
Já não chega as cinzas
O carbono, o ácido, o carvão
A fumaça que o Sol tapastes?
O verme, o pão, grão
Que tua boca acesa devorastes?