BOCA DE FOGO
Em cada caminho uma brasa
Em cada grão de terra uma faísca arrasa.
As labaredas em ciclone sobe ao céu
Numa decomposição astral.
E As nuvens revestidas de um véu
De pálios negros e negro temporal
Tragam o fumo que no céu resvala.
E a terra a soluçar tremendo
Entorpecida sua voz se cala.
Gritando combalida e gemendo
Dar-se ao torpor do ácido
Que embriaga.
Nem uma brisa que sopre do poente
Nem uma gota que possa reduzir a praga
Nem um vapor que chegue do nascente
Traz-lhe alívio, sobra de uma vaga .
Arde ó bruta chama!
Tece teu fogo em minhas veias
Já que não escutas o grito de quem te clama
E nem debela o fogo que ateias.
Bruta!
Maldita !
Ó chama alcoolizada
Embriagada chama que crepita.
Já não chega as cinzas
O carbono, o ácido, o carvão
A fumaça que o Sol tapastes?
O verme, o pão, grão
Que tua boca acesa devorastes?