Queria ser poeta
Para dormir perante as dores,
Queria poder não amar
Para evitar o quê de dor me espera!
Queria ser aquele que nunca cansa
No mundo áspero que o cerca,
Ser um plano bem sucedido,
Quero de mortes não entender
E a dignidade que nunca me concederam,
Quero entender porque este humano
Acha-se mais que tantos e tantos outros,
Talvez seja composto de ouro e diamantes
E não de carne e osso.
Bom sentir-se útil na vida passageira,
Estadia breve,
Pois passamos como quem pede carona.
Quero passar por entre as portas
Que ainda não se fecharam,
Queria poder viver bem...
Mas esta regência é péssima
E pagamos o valor
Do espetáculo encenado a meia-noite.