Maria dorta

Lusco-fusco

Luto contra meu lado avesso,

lado obscuro cuja matriz desconheço, 

mas,estranhamente,o  aceito

sem ele me diluo,me liquefaco.

Dele tento fugir,mas sem ele

não poderia existir:onde há luz

a sombra  sempre se imiscui.

Para poder comigo co-existir

fiz um pacto: deixo fluir!

Aceitei- me luz e sombra

para poder subsistir.

E quando o peso da sombra

ameaça  meu devir,

curvo o dorso,mas o interruptor

não desligo.

Assim encontrei o equilíbrio

o lusco-fusco  é  meu abrigo

e dele,tornei- me bom amigo.

7.09.2020  Maria Dorta