No escuro a visão se faz luz
Existe no escuro uma solidão
Paira no escuro um silêncio
Escuro da venda atada ao rosto
Veste-se o escuro da ausência
Ausência do finito que se pode ver
No escuro ecoa o nada de tudo
Escuro da mente que tapa o olho
Tem no escuro um vazio claro
Busca no escuro um não chegar
Toca o escuro do que não se tem
Escuro da metáfora de tão óbvia
Fixa no escuro o que não ficaria
Pode-se no escuro encontrar foco?
Aguçados no escuro os sentidos
Escuro da língua a soltar vozes
Cabe ao escuro um algo palpável
Vaga no escuro a dilatada retina
Para todo escuro há um vão livre
Escuro da discórdia pela vitória
Pelo escuro a incerteza passeia
Através do escuro a noite reina
No lado escuro a sombra reside
O escuro tem mais, muito mais...