Joao Marques

O amor

Ah, o amor…
eu costumo dizer
que ele é uma faca de dois gumes.

Do mesmo jeito que aquece,
reconstrói
e acalma,

ele também destrói,
esfria,
machuca —
você sabe.

Minha mãe uma vez,
quando eu era muito novo,
me disse sorrindo:
“Pedro, o amor é uma dor.”

E eu, inocente, perguntei:
“Ué, mãe, mas o que isso significa?”

Ela riu da minha cara
e respondeu:
“Não sei.”

E ela repetia isso
várias e várias vezes,
sempre sem explicar.

Aquilo ficou na minha cabeça.

Então, com o tempo,
eu dei meu próprio significado.

Pra amar alguém,
você precisa se doar,
se entregar.

Amar não é fácil
como dizem nos livros
— antes fosse.

Amar machuca.
Mas é gostoso pra caramba.

Muitos, quando o primeiro amor dá errado,
se fecham.
E quando falo isso,
uso a mim mesmo como exemplo.

Foi uma das piores decisões
da minha vida.

Porque amar é lindo pra caramba,
mesmo quando dá errado.

No fim,
minha mãe estava certa.

O amor
é uma dor.