Marçal de Oliveira Huoya

Vinde a mim

Eu,
Anjinho divertido,
Anjinho brincalhão,
Andava muito distraído,
E sem nenhuma obrigação,
Conversando com os Anjos
Meus amigos,
Anjinhos, Serafins e Querubins,
Anjos da Guarda,
A postos, de farda,
Todos zoando de mim,
Por meu tempo de Anjo,
Nunca chegar ao fim,
Parças, coligas,
De brincadeiras e brigas,
Todo mundo já nasceu,
Até aquele anjinho pigmeu,
Foi mais rápido do que eu,
Foi quando um Anjo me chamou,
Um Anjo coordenador,
Compareça imediatamente,
Vai lá rápido e se apresente,
O chefe tem uma missão pra você!
Meu Deus! Não pode ser!
Que alegria!
Enfim chegou o meu dia!
Cheguei até mudar de cor,
Nunca vou me esquecer,
O dia de falar com Nosso Senhor,
Comecei a ficar nervoso,
Encontrei na porta São Pedro,
Com aquele jeitinho amistoso,
Sorriu pra mim,
Disse, não tenha medo,
Anjinho, a sua hora chegou,
Entrei,
Lá estava Deus,
Um cenho sério e sisudo,
Um rosto velho e barbudo,
Mas sorriu e me desarmou,
O sorriso mais doce do mundo,
Nem era sorriso de Pai,
Era um riso de Vô,
Me pôs no colo,
E me acomodou,
Me olhou muito sério,
Como nunca antes
Ninguém me olhou,
Como se fosse revelar um mistério,
E me revelou:
Hoje você vai descer,
Vai nascer como um bebê,
Vai ocorrer sua mudança,
Daqui só terá uma vaga lembrança,
Mas sempre estarei por perto,
Disso pode ficar certo,
Olha, um dia você vai crescer,
Vai se tornar um adulto,
Vai ter tantos problemas,
Dúvidas, dilemas,
Mas tudo isto faz parte do poema,
Não desanime, nem tema,
Mas ouça este conselho, 
Quando ficar mais velho,
Sempre que se olhar num espelho,
Procure lá dentro, escondido,
O que pensou estar desaparecido,
Aquela energia inocente,
Que um dia te dei de presente,
Vai encontrar
O seu lado mais bonito,
Onde reside,
Onde mora a esperança,
Lembre-se sempre disto,
A sua eterna criança,
O que a gente chama de espírito...