Amor que Permanece em Silêncio
Amo-te não como quem busca abrigo, mas como aquele que aceita o frio por devoção tranquila. Meu afeto jamais desejou posse, pois já nasceu ciente do próprio fim, como coisa que existe apenas para arder e não para durar.
Chamo-te amiga, e nessa palavra repousa minha ruína. Há laços tão puros que se tornam mais cruéis do que o desprezo mais áspero, pois não ferem por rejeição, mas por impossibilidade.
Não temo teu rechaço, nem a lâmina breve de um “não” pronunciado. Temo, antes, negar o amor que em mim insiste em viver — esse amor que não pede futuro, que não exige promessa, que apenas é.
Sou-te fiel sem juramento, constante sem esperança, teu sem jamais sê-lo. Caminho nesse paradoxo com a dignidade dos que amam sabendo que não serão escolhidos.
És riso em meus dias e ferida mansa em minhas noites; e ainda assim bendigo o destino por permitir-me amar-te, pois amar-te, mesmo assim, é melhor do que jamais ter sentido.
Não sou o amor que escolhes, nem aquele que te desperta sonhos. Sou o terceiro — o que permanece quando os outros partem, o que ama não por ser visto, mas por não saber deixar de amar.
E assim seguirei, calado, como as estrelas que ardem no céu sem jamais tocar a terra: ardendo por ti, sabendo, com serena tristeza, que nunca serás minha.
Lukas hill