kevynsoaz

Corpo de palavras.

Corpo de Palavras

 

Nesse cortiço, a flor vive

Refém do atenção, calor e prazer

Jogado aos pés de um talvez

Preso numa autoestrada, mas sem carro, sem voz

São só rodas sem propósito, que vagam sem razão, como a rosa

 

Com algema, vive o prazer ao entardecer

Vive por ela, já com chaves e a viseira, mas sem coragem 

Não faz acontecer, a maldita flor escrava do prazer tinha um jardim para escolher, mas tudo a faz encolher

Ou talvez já seja pequeno

 

O caule significa tanto, mas e as raízes?

Castigado a ver somente acima da terra, a flor, faz péssimas escolhas por prazer

E ao entardecer, ele se vê arrependido

Mais uma vez, vivendo num jardim de flores de plástico, sem raízes

Sem envelhecer, que permanecem belas, e as fazendeiras a irrigam mesmo sem ver mudar sequer um traço

 

Em cada metro quadrado de flores falsas e belezas sem raízes

Vive a flor, refém de erros e de calor

De beijos, atenção, álcool e rancor

Pedras, ausência de terra, irrigada com seu próprio suor

Mas não tem melhor que está flor.