eu me retiro em silêncio,
e você segue inteiro,
como se nada tivesse sido deixado para trás.
a sua ausência, no entanto,
me atravessa os dias,
desorganiza o peito,
faz da espera um hábito cruel.
enquanto eu aprendo a conviver com o vazio,
você aprende viver sem mim.
Então eu ganhei,
na disputa do “eu amo mais” –--
não por mar melhor,
mas por ser a única
que ainda sente a falta.
Minha ausência não pesa
não faz barulho
não deixa rastro
em você.
já a sua
entra sem pedir licença
derruba tudo
e fica.
eu sumo
você continua
como quem nunca precisou
olhar pra trás.
você vai
eu fico
aprendendo a existir
com o que faltou.
se isso é amar mais
então eu ganhei
mas vitórias assim
doem demais.