Nelson de Medeiros

A LUZ QUE O MEDO APAGA

A LUZ QUE O MEDO APAGA

 

Quem teme o amor, mais dele necessita,
pois que não vê a luz na noite escura,
não vê do sol, os raios de ternura,
e dele, por fraqueza, se abdica!

 

Esconde na alma a chama que o agita,
e guarda o seu afeto com usura;
mas todo ser que o próprio amor tortura

se precipita em dor, triste e maldita!

 

Oh! cego é o coração, que só se engana,
querendo —em paz — negar o que lhe falta
sem perceber que só o amor irmana!

 

Quem não enxerga o amor que o consome,
na carência sombria com que o trata,
sucumbe à mesa farta, em sede e fome!

Nelson de Medeiros