Metamorfose

Dentro do Natal

No início, tudo parecia lindo.

Confortável.

Bonito.

 

Depois, foi se desfazendo,

como quem descobre tarde

que o encanto era frágil.

 

A ilusão que criei para mim,

criei para me enganar,

foi escorrendo pelas horas

até não sobrar quase nada.

 

A realidade bateu à porta

sem pedir licença,

mostrou-se crua,

exatamente como era.

 

A música já não fazia sentido

nem dentro, nem fora de mim.

 

Tentei me encaixar.

Tentei ser.

Tentei caber.

 

Mas não sou a mesma

que se molda para existir em espaços pequenos.

 

E assim se encerra mais um Natal,

ou talvez não.

Porque sigo viva

ainda dentro dele.