se na dificuldade vês a oportunidade ou maldição,
na plenitude semeia-se à tua volta a bondade do teu coração.
julgamento é para os cegos, ínfimos na sua condição,
mentes vagas onde não se encontra traço de razão.
sejamos mais do que o ambiente nos propõe;
podemos nos tornar a expectativa que o universo deposita.
somos poucos cavaleiros em terra inóspita;
aos mais frágeis, acalmamos suas feridas.
tantas almas sem contorno e cores
tardiamente clamam por orientação, depois de tantas dores.
cavalgamos a noite e pescamos, à tarde, novas vontades,
pois mesmo o mais bravo sucumbe, por vezes, à tentação da maldade.
não almejamos ouro ou qualquer outro bem;
temos em nós e ao redor o que necessitamos em vida.
devemos e honramos, antes de adormecer, o amém,
nobre missão acolhida em chegadas e partidas.
Arthur de Mello Noos