K. Kronecker

Punição divina

O pássaro calado vivia apressado,

Buscava absorto sua metade, seu lado,

Em cada alvorada voava concentrado,

A cada fim de tarde se encontrava abatido.

 

Entre primaveras e outonos voou afinco,

Demasiado cansado, tornava aflito,

Preocupado dormia, alarmado acordava,

Sua completude completa não estava.

 

Os anos passaram, o pássaro não viu,

Buscou o que prometeram, será que sentiu?

Do alto pairou, atrás de um tesouro vil.

 

Para o velho pássaro o tempo passou,

Em paz nunca esteve, e o que sempre quis não achou,

Sua sina severa foi ver que o tempo acabou.