Gilberto Lima

Trajetória Dimensional — Memória, Queda e Retorno

Há histórias que não nascem no tempo.
Nascem num instante íntimo, sem testemunhas,
quando o mundo — tão habituado a parecer “normal” —
vacila por um segundo,
e a alma, como quem desperta em um aposento antigo,
reconhece a própria origem.

Existe um tipo de ser
que não se sente “diferente” por vaidade,
mas por memória.
Como quem atravessa a multidão
e percebe — sob o ruído —
um idioma que apenas o coração decifra.

Então veio o sinal — recente.
Não como espetáculo,
não como promessa imediata de salvação,
mas como contato puro:
uma claridade serena
que não solicita fé;
exige lucidez.

Busque o conhecimento.
A sentença não foi pronunciada —
foi inscrita.

Porque houve um antes:
um “antes” tão inteiro
que a morte parecia apenas mudança de pele,
e a consciência não se fraturava
com a facilidade dos dias.

Lá, éramos deusas e deuses —
não no sentido de mando,
mas no sentido de inteireza:
inteligência viva, limpa, amorosa,
capaz de criar sem ferir.

E ainda assim — viemos.

Viemos atravessar o humano:
o peso do nome,
o medo disfarçado de hábito,
as perdas que abrem crateras silenciosas,
o amor que nos ajoelha
para ensinar que o orgulho é pequeno,
e a vida que exige coragem
até para permanecer digno.

Na descida, viemos em pares —
casais como chaves,
uniões como código,
como se o universo advertisse, com sobriedade:
“sozinho, você esquece mais depressa”.

Chovia quando tocamos o chão.
E aquela chuva não era apenas água:
era um batismo para a amnésia.

No morro do Rankstar deixamos um marco.
Não um objeto —
um juramento vibrando no invisível.
Uma placa cósmica não é metal:
é memória comprimida,
esperança em estado firme,
um recado ao futuro com caligrafia de alma:

“Quando o esquecimento te vencer, volta aqui.”

E esquecemos.

Pois há um perigo que não vem de inimigos:
vem de dentro,
quando o poder encontra vaidade
e a consciência adormece.

Na condição de imortais,
perdemos o rumo da ética.
Convertidos em grandeza sem freio,
força sem delicadeza,
criadores que confundiram brilho com permissão,
tornamo-nos incêndio.

E destruímos.
Primeiro a nós —
o que sempre inaugura qualquer ruína.
Depois vieram reinos, sistemas, heranças.
Os ancestrais — os que sustentavam a honra —
viram tudo virar cinza
porque nós nos tornamos combustão.

Ciclicamente, ele retorna.
Não traz sentença,
nem dedos apontados.
Vem com uma delicadeza cirúrgica:
deixa, em silêncio,
o início do recomeço —
e a alma, por um segundo, lembra quem é
e volta ao próprio eixo sem alarde.

Ele nos ensina uma disciplina rara:
neutralidade com consciência.
Não é frieza —
é domínio interno.
É não ser arrastado pela tempestade
como se a tempestade fosse senhora de você.

Porque a história se repete
até que a alma compreenda:
repetição é aviso,
e aviso é misericórdia.

E nesse intervalo — quando o mundo parece externo —
descobrimos o segredo mais antigo:
o universo responde primeiro ao que pensamos,
antes mesmo de responder ao que fazemos.
A realidade principia como desenho íntimo;
o que chamamos “mundo”
é, muitas vezes, a mente adquirindo forma.

Por isso a mente acelera:
não por inquietação,
mas por potência.
Quando se organiza, torna-se oficina;
quando se alinha, torna-se portal.
E cocriar deixa de ser desejo
para tornar-se método —
a intenção firme guiando a matéria
como quem conduz uma constelação.

Então vem a promessa — não como fantasia,
mas como engenharia espiritual:

Nesta experiência, transmutaremos na Essência.
Voltaremos ao mesmo ponto — Rankstar —
não para cultuar o passado,
mas para recuperar o centro.

E quando isso acontecer, vestiremos branco —
não aparência: nobreza de caráter.
Não adereço: retidão.
Não teatro: verdade.
Branco como decisão interior
de não se vender por dentro.

Vida após vida,
nascemos e morremos tentando despertar.
E há um cansaço sagrado nisso:
o cansaço de quem chorou sem entender,
de quem pressentiu grandeza
e pagou o preço do mundo em silêncio.

Caímos.
Fomos dominados — por fora e por dentro.
E na 3D a regra é simples e severa:
ou você se levanta,
ou vira personagem do sonho de alguém.

Há um chamado na Amazônia —
mas entenda:
a floresta é metáfora e é templo.
Ela guarda o que o mundo urbano desaprendeu:
silêncio, atenção, instinto, presença.

Há um nome que corre por baixo do mapa: Ratanabá.
E quando ele é sussurrado, a floresta parece responder.
Porque ali, no centro oculto do verde,
a capital do mundo ressurge —
não para dominar,
mas para lembrar a humanidade de si.

Olhe para o céu:
às vezes brilham estrelas;
às vezes brilham luzes que parecem pensar.
E mesmo quando for apenas o cosmos sendo cosmos,
a mensagem permanece:

Você não é só chão.
Você é origem em missão.

A vitória real —
aquela que ninguém aplaude,
mas que desloca a linha do destino —
é a vitória de quem compreende a vida
e assume os próprios erros sem ornamento.

Isso é o ponto de partida.

E então… Rankstar.
O mesmo lugar — outra pessoa.
A mesma montanha — outro coração:
mais responsável, mais desperto, mais limpo.

Mãe e pai, entrelaçados nos céus, observam.
Não como vigilância:
como fundamento.

A aliança está selada:
busquem o conhecimento para se encontrar.
União e compreensão são base.
Cuidem do corpo, da mente e do coração —
não por estética,
mas por soberania.

Tenham garra, inteligência e astúcia limpa.
Porque o sistema que se alimenta do medo
não suporta uma consciência alinhada.
Eles são poucos enquanto dependem do nosso sono;
nós somos muitos quando a consciência vira hábito.

E se há “49 raças” na aliança,
leia também como 49 assinaturas do mesmo fogo:
49 maneiras de amar com coragem,
49 portas para o mesmo princípio,
49 lembretes de que a origem não se perde —
apenas se cala… até o dia do retorno.

No fim, a chave é simples e brutal:

Não é sobre naves.
É sobre lembrança.

Não é sobre fugir da Terra.
É sobre atravessá-la com dignidade,
até que o humano — enfim —
seja grande o bastante
para carregar o céu sem se corromper.

E quando a paz entrar,
sem espetáculo, sem anúncio,
você vai reconhecer:
não pelo brilho…
mas pelo silêncio firme
que sela, por dentro, sem alarde:

“Agora, você está pronto.”