Arthur Santos

POEMA DE NATAL

POEMA DE NATAL

Arthur Santos 17 de Dezembro de 2025

 

sinceramente estou farto

dos lugares comuns do costume

que de tão velhos cheiram a inútil estrume

 

do natal que é quando o homem quiser

dos desejos de feliz natal e boas festas

colados em todas as testas

pois nestas quadras temos muito boa vontade

de amor e de cumplicidade

dos postaizinhos muito bonitinhos, coloridos

e com bonequinhos divertidos

mesmo que os desejos não sejam verdade

não faz mal é natal!

 

pois mas reúne-se a família toda

trocam-se prendinhas e prendas

oferecem-se cuequinhas com rendas

garrafas de vinho e de licor

baratinho porque o orçamento anda mau

fazem-se declarações de amor

e come-se peru e bacalhau

não faz mal é natal!

 

todas as lojas estão decoradas com estrelinhas

e ouve-se uma musiquinha celestial

que bom é ser natal

até sou amigo do meu inimigo

até damos cinco cêntimos ao sem abrigo

para que melhore a sua existência

e ficamos de bem com a nossa consciência

não faz mal é natal!

 

fazemos um balanço

ouvimos noticias falsamente animadoras 

noticias com sabor a ranço

que é tudo um mar de rosas e é um descanso

que a crise finalmente acabou foi-se com o vento

já não era sem tempo

alguém protestou mas ninguém escutou

não faz mal é natal!

 

dizem que o salário mínimo aumentou

dizem que a pensão aumentou

mas nem se nota algumas almas safadas

sugaram as migalhas anunciadas

não faz mal é natal!

 

quando passar o natal

deixa de haver luzinhas

e arvorezinhas enfeitadas

deixa de haver promessas enlatadas

deixa de haver paz na terra

e homens de boa vontade

ressurge a guerra e a maldade

mas não faz mal... foi natal!