Fito o céu, embora repleto de lumes,
Ouço seus queixumes,
Sinto a tristeza
Da orbe celeste!...É que, choram as estrelas
Porque os cegos não podem vê-las;
Chora o astral, magoado o coração,
O peito ferido
Porque a fonte secou,
E ele não pode mirar-se nela,
A fonte bela,
Que de melancolia definhou;
Chora o vento amigo,
Gemendo pelas fragas,
Carpindo as mágoas
De um coração que chora
O pranto sentido
Porque as nuvens lhe negaram afeto;
Chora a madrugada
De pranto tão orvalhada
Porque seu poeta a abandonou;
Chora a tarde
Sentindo a mágoa que a invade
Porque a fada
Da floresta encantada
Perdeu o viço e se escondeu
Na mata fechada;
Chora a natureza,
Rolando o pranto
Qual correnteza
No caudal da emoção
Porque a tarde se despediu do dia,
E em prelúdio de nostalgia --
Divinal prece --
A noite entre a abóboda celeste aparece;
Chora o poeta, o pranto
Dorido tanto,
Porque sua alma entristeceu,
Graças à ingrata amada
Que não lhe escutou os versos,
E coração perverso,
Não lhe voltou a face, e nenhum gesto
De carinho, lhe dedicou então;
Chora também consigo,
A natureza, o pranto sentido,
Rolando tanto
Qual correnteza
No caudal da emoção
Porque seu poeta a abandonou!