Por que ferir a mão que a sustentou?
Por que calar a voz que a bendizia?
A menina que a doçura abandonou
Recebeu o mel e devolveu o fel,
Rasgou o manto de quem a quis cobrir.
Retribuiu o carinho com o desprezo,
Viu o sacrifício e não sentiu piedade.
Cega pelo brilho da própria vaidade
Cruel com quem a vida inteira a queria,
,Hoje habita o trono da própria agonia.
Pois quem destrói o amor que a rodeia,
Reina sozinha em um castelo de sal.
Das mãos que só sabiam oferecer.
Transformou o cuidado em algema,
Onde havia o abraço, hoje há o espinho,
Onde existia o zelo, mora o desdém.
Ela trilhou, por escolha, o seu caminho,
Pisando em quem só queria o seu bem.
Esqueceu que o amor é solo raro,
E que o silêncio de quem foi leal,
Custa, um preço muito caro:
Deram-lhe o sol para que ela florescesse,
Regaram sua alma com paciência e esplendor.
Mas ela preferiu que o mundo escurecesse,
Tornando em fardo seu caminho de luz
Agora ela observa, de longe e vazia,
Perdeu o tesouro por não ter gratidão....