Um poema sobre a consciência por trás do nome
Existe um “você”
que não nasceu do mundo —
apenas aprendeu a atravessá-lo.
O que você chama de identidade
é um conjunto de instantes
tentando virar certeza.
Mas o Eu verdadeiro
não é a máscara que funciona,
nem o personagem que agrada,
nem a versão que você repete
pra não ser questionado por dentro.
O Eu verdadeiro
é o que observa.
Ele vê o pensamento chegar
com seus uniformes:
medo vestido de prudência,
ansiedade com cara de pressa,
orgulho disfarçado de princípio.
Ele percebe que nem toda emoção é verdade,
mas toda emoção é mensagem.
Conhecer-se
não é colecionar respostas.
É dissolver perguntas falsas.
É retirar o excesso de ruído
pra ouvir o essencial.
Você não é o que pensa.
Você é o espaço
onde o pensamento acontece.
E quando você toca esse espaço,
o mundo não muda por encanto —
mas perde o direito
de te definir.
Aí você anda diferente:
menos reação, mais escolha.
Menos performance, mais presença.
Menos fuga, mais centro.
E o silêncio, finalmente,
deixa de ser vazio.
Vira casa.