Versos Discretos

Acordes de Veludo e Fogo

O amplificador ruge um grave que vibra no peito, 
enquanto dedos ágeis dedilham a tua curva mais lenta. 
Não há partitura, apenas o ritmo suado e imperfeito, 
onde a tua respiração é o refrão que me atormenta 
e a minha língua desenha o solo que te sustenta.

Teus quadris marcam o compasso de uma bateria cega, 
um crescendo de distorção que explode em veludo. 
É uma balada suja, 
onde a alma se entrega ao tilintar do metal contra o couro, 
onde tudo se resume ao eco de um gemido agudo e mudo.

No fim da noite, somos o bis que ninguém pediu, 
cordas arrebentadas sob a luz de um neon escarlate.
O cheiro de adrenalina e o rastro que a mão sentiu, 
num duelo de notas onde o desejo rebate, 
até que o silêncio, enfim, nos arremate.