O amplificador ruge um grave que vibra no peito,
enquanto dedos ágeis dedilham a tua curva mais lenta.
Não há partitura, apenas o ritmo suado e imperfeito,
onde a tua respiração é o refrão que me atormenta
e a minha língua desenha o solo que te sustenta.
Teus quadris marcam o compasso de uma bateria cega,
um crescendo de distorção que explode em veludo.
É uma balada suja,
onde a alma se entrega ao tilintar do metal contra o couro,
onde tudo se resume ao eco de um gemido agudo e mudo.
No fim da noite, somos o bis que ninguém pediu,
cordas arrebentadas sob a luz de um neon escarlate.
O cheiro de adrenalina e o rastro que a mão sentiu,
num duelo de notas onde o desejo rebate,
até que o silêncio, enfim, nos arremate.