vk_noctur

O passar das horas

Tantas graças têm partido.

A desgraça, meu amigo,

Se fez uma com o maldito coração.

 

Os perdões sem seu amparo,

Pulmões despedaçados,

Ô desgraça, qual seria seu bordão?

— Arrastar.

 

Frente à frente com destino,

Cara à cara deus do fim. 

Lhe pergunto do cuidado,

Da certeza que não vem.

 

— Se acomode, meu filho.

Continue a sonhar,

Irei pôr um outro adeus,

Íntimo desse olhar.

 

Belas chamas que arrastam,

Não cessem o seu queimar.

Vos imploro mais um dia,

Deixem-me vir alegria.

 

Noutr\' tempo sem os males,

D\'onde riam nossas aves.

Dias sem brilho fluorescente,

Não mexia com a mente

Ou perturbava o ser presente.

 

O entardecer se aproxima,

Leva embora tod\'as almas,

Tão distantes desse sol,

E logo extinguirá.

 

Resta o pavor do tormento,

Responda este lamento.

Onde moram todos que vão a ti?