Elfrans Silva

AMOR DO PRIMÁRIO

Não. Não quero mais ouvir teu nome
ando sem vontade alguma de te ver \"
Pela vida afora é o que vou jurando
e procurando um modo de te esquecer

Nossa história,como outra qualquer
Teve início em pura e tenra idade
Mas na vida do homem e da mulher
Se  um esquece, outro sobra de saudade

Com lacinho segurando o cabelo
mini saia tipo de colegial
lábios com forte batom vermelho,
lhe deixava com puro ar de anjo mau

Sem cuidados se sujava toda boca
pra comer gostoso algodão doce
limpava as mãos esfregando-as na roupa
dava de ombros como se isso  nada fosse

Frases explícitas em seu caderno
estampava de um modo disforme
descrevendo como \"meu amor eterno\"
num coração, rabiscado,  nossos nomes

Deveres e tarefas de grupinho
Sem motivos nem pensava ajudar
Me olhava com ternura e carinho
quebrantado eu deixava ela colar

A partilha dividida da lancheira,
cirandinha, pega-pega no recreio...
Nossos nomes rabiscados na carteira...
papéizinhos coloridos que ainda leio...

Foi assim o meu tempo de  primário .
té que chega ansiosa puberdade,
o destino implacavel, trás, hilário,
de surpresa, um revés, na faculdade

Eu, era de sonho pretenso , ainda
inocente, iludido e sonhador
rebelde, vivida e muito mais linda  
estava agora, ela, o meu grande amor

Eis que a vida se revela, tão cruel
mostra a face que não posso explicar
vi meu mundo, meu pedacinho de céu
de repente, era um inferno em seu lugar

Seus olhos joviais já  não me olhavam
nem sequer se lembrava do meu nome
As lembranças somente me restaram
e uma dor que aos poucos me consome

Não. Não quero mais teu nome ouvir
teu lindo rosto já não mais desejo ver
Mas da vida hei de sempre inquerir:
porquê, meu Deus, porquê fomos crescer?