É interessante como a palavra é poesia,
assim como a poesia é palavra —
uma dança que se escreve sozinha,
um sopro que me atravessa sem pedir licença.
Li a mensagem que dizia:
“Tudo pronto? Então vamos lá!”
e logo pensei: lá aonde?
Lá onde o labor nos espera,
onde o sonho descansa,
ou onde tudo é incerteza, seguindo o viver do dia?
Porque o agora é o que estou vivendo,
fio que se desenrola sem pressa,
e daqui a pouco eu nem sei
se ainda estou aqui
ou parti para o infinito
para encontrar comigo inteira
como jamais fui.
E nessa travessia entre o dito e o pensado,
entre o que lembro e o que invento,
a palavra vira poesia outra vez,
e eu me deixo ir —
lá, onde quer que seja,
com tudo que sou
e tudo que ainda me falta ser.