Antonio Olivio

Folha na ventania

 

Arrancaste-me do conforto
Da segurança do caule
Para levar-me en turbilhão 
E dar-me  a graça da dor
O desespero de ser lançada 
Sobre todas as coisas 
E já na incerteza do vento
Continuar sendo folha 
Agora mais ainda
A tormenta me ensina 
E me lembra quem sou
diante da infalível
tempestade: 
Ainda sou folha 
E aonde eu for empurrada
Serei folha 
Mesmo que despedaçada 
Serei folha 
Muito mais agora 
Do que antes 
Porque antes em outrora 
Dentro do conforto 
De um lar , no caule resiliênte 
Que nunca havia sido arrancada por vento calmo.
Eu não me sabia inteiramente 
Mas a tempestade 
Me deu a compreensão 
De quem sou 
Sou folha entregue a dor 
Mas tambem a beleza 
Para onde eu for.
Em mim mesma não ha vontade
Não piloto o motor que me leva
A direção pertence ao destino
A mim pertence o caminho
O aprender a ser pequenina
E levar para o além 
Para quem nunca me viu 
A esperança depois do dilúvio 
No bico bendito de monstros uivantes 
O verde esperança 
Bonança divina 
Folha do caule , do tronco
Da árvore da vida...


Antonio Olivio