Saudade da fase estável,
quando o peito era frágil, mas o erro era leve.
Antes do copo, da fumaça na mente,
ansiedade gritava, mas eu era inocente.
Achava que pureza resolvia a questão,
que ser boa demais salvava o coração.
O ódio era pouco, eu sentia até demais,
me importava com tudo… hoje já nem sei mais.
Saudade de deitar com alguém fixo na ideia,
não essa vida rasa, cheia de areia.
Saudade de quando você concordava comigo,
hoje é só eu, meus passos e nenhum abrigo.
Não tenho mais nada, acostumei com o vazio,
caminho sozinha, frio que vira desafio.
Mesmo bairro, mesmas caras, não posso me apegar,
todo mundo passa, ninguém fica pra somar.
Espiritual confuso, fé pedindo resposta,
impotência no peito, vida que encosta e afasta.
Que vida, que cena, que menina cansada,
por fora igual todas, por dentro mente lotada.
Sou igual a todas, mas penso demais,
isso pesa, isso dói, isso nunca dá paz.
Mas sigo, mesmo quebrada, mesmo sem guia,
porque quem pensa demais também sobrevive ao dia.