Entre Altares, Trilhos e Pampas
Autor:Claudio Gia – Macau/RN – 17/12/2025
No calendário se abre uma fenda mansa no tempo,
dia de Lázaro, que volta à vida no sopro do vento.
Entre lágrimas antigas e a pedra que se levanta,
escuto a voz que chama e ressuscita o que ainda encanta.
João da Mata caminha leve, com as mãos dadas à Trindade,
recolhendo os cacos do mundo, repartindo a liberdade.
Na encruzilhada dos dias, entre fé e estrada aberta,
há um pão sobre a mesa e uma promessa que desperta.
Nos galpões de aço e sonho, o engenheiro desenha o futuro,
faz da linha uma estrada, faz do erro um aprendizado seguro.
Cada peça em seu lugar, cada fluxo em harmonia,
a produção vira ponte entre o trabalho e a poesia.
Lá no sul, o Pampa fala em gramíneas e horizontes sem muro,
onde o vento penteia o campo e preserva o verde mais puro.
O bioma guarda segredos de sementes e de raiz,
lembra ao homem que só cuida quem deseja ser feliz.
No púlpito simples da praça, o pastor ergue a canção,
tece consolo em silêncio, costura fé e perdão.
Sua voz corre nas ruas, como rio que não se cansa,
molda em cada coração um pequeno gesto de esperança.
E quando a noite desce sobre o corpo da cidade,
erguem-se vozes firmes contra a velha crueldade.
Luta-se pela vida inteira das que andam à margem da luz,
profissionais do afeto feridas, mas de pé sob a mesma cruz.
Neste 17 de dezembro, sem feriado nem bandeira no mastro,
o sagrado e o cotidiano se encontram no mesmo rastro.
Entre altares, trilhos e pampas, no chão duro ou no chão de flor,
o que costura essas datas é a vontade de um mundo com mais amor.