O tempo se veste de doze rostos,
Que apesar de virem acompanhados de obstáculos,
Trazem em suas mãos o peso e a beleza do que muda.
Guardam nos bolsos o silencio das partidas
E a promessa discreta de um novo começo.
Carregam nas costas o aprendizado,
e nas mãos o recomeço—
exalam, em si, o perfume amargo da mudança.
E assim eles chegam, um após o outro, torcendo
com fios invisíveis os dias que nos vestem.
Um sopra o calor do recomeço, outro traz a chuva a esperar.
Há quem venha com flores nas mãos, e quem parta levando
folhas pelo chão.
E entre passos e promessas, o tempo se revela em doze capítulos—
cada u com sua própria face, sua própria história,
seus próprios feriados que falam de nós.
O primeiro capítulo se escreve em meio as luzes, onde, para todos, nasce
uma chance de aprender de novo.
O tempo renasce entre o riso e o cansaço, ainda tateando os sonhos que
ficavam pela metade.
Há promessas que brilham feito fogo no céu, e outras que se apagam, discretas,
antes do amanhecer.
Promessas se acendem, mas a dúvida sussurra se o
ano cumprirá o que promete. Ainda assim, janeiro insiste em sorrir,
como quem acredita no que ainda não existe.
Fevereiro chega sem avisar,
vestindo o mesmo sol cansado de janeiro.
As luzes já se apagam,
e no lugar delas, o tempo se instala — morno, repetido.
O riso perde um pouco do brilho,
mas ainda há quem dance sob o calor,
fingindo não ver o cansaço nos próprios ombros.
As promessas começam a pesar no bolso,
algumas já desbotam, outras ainda respiram.
O tempo ri baixo, como quem sabe:
nem todo recomeço é leve,
e nem todo cansaço é fim.
Fevereiro ensina o equilíbrio —
a arte de seguir mesmo quando o encanto se despede.
E enquanto o mundo desacelera,
o coração aprende a caminhar sem festa,
mas com fé.
Em março, o tempo se veste de coragem.
As flores rompem o solo com delicadeza,
lembrando que força também tem perfume.
É o mês em que o vento sopra em tons de mulher,
onde a beleza não se mede no espelho,
mas no gesto que acolhe, na palavra que resiste.
Enquanto os dias se alongam e a vida se ajeita,
março ensina que ser é florescer,
mesmo depois de ter caído tantas vezes.
Abril chega com o sabor doce do chocolate,
mas lembra, em seu silêncio mais profundo,
que a Páscoa não é apenas doçura —
é libertação de um povo que errou,
mas aprendeu a recomeçar com fé.
Entre coelhos e promessas,
há um eco antigo de esperança,
um lembrete de que toda dor carrega renascimento.
Abril ensina que até o amargo tem propósito,
e que a fé, quando sincera,
é o mais doce dos milagres.
Maio chega em perfume e oração,
com o vento sussurrando nomes
que o coração nunca esquece.
Há quem o receba com uma rosa vermelha nas mãos —
símbolo de amor, de gratidão,
de tudo o que nunca coube em palavras.
É o mês em que o tempo se ajoelha diante das mães,
e o mundo, por um instante, parece mais terno.
Entre lembranças e abraços que não voltam,
maio nos ensina que amar é também deixar ir,
e que o amor verdadeiro não termina:
ele floresce em silêncio, mesmo depois do adeus.
Junho acende suas fogueiras no peito da gente.
Entre bandeirolas e promessas,
o frio se disfarça em abraço,
e o amor encontra seu refúgio nos olhos de alguém.
É tempo de dançar devagar,
de rir alto e se aquecer com o simples.
Os casais se vestem de cores,
os sonhos ganham sabor de quentão e lembrança.
Junho chega com cheiro de saudade e esperança,
lembrando que até o amor precisa de inverno
pra aprender a florescer de novo.
Junho chega com o frio pedindo abrigo
e o coração, pedindo companhia.
Entre bandeiras e fogueiras,
o tempo dança de mãos dadas com o amor.
É o mês dos risos ao redor da chama,
dos olhos que se encontram sob o piscar das luzes,
e das promessas feitas em silêncio —
doces como o quentão, breves como o vento.
Junho é ternura vestida de nostalgia,
onde o amor e o inverno se confundem,
e cada abraço parece ter o poder
de deter o tempo, só por um instante.
Agosto sopra ventos que testam raízes.
É o mês da travessia, do tempo que exige força.
Entre dias longos e céus cansados,
aprendemos que crescer também é resistir.
Há quem celebre o colo que ainda tem,
e quem recorde o abraço que o tempo levou.
Mas em cada lembrança mora um ensinamento —
um gesto, uma voz, um “vai ficar tudo bem”.
Agosto é o mês das presenças que moldam,
mesmo quando já são ausência.
E no eco do vento, o amor se refaz,
invisível, mas inteiro.
Setembro floresce com cheiro de liberdade.
Bandeiras tremulam, mas é dentro da alma
que a independência realmente começa.
Entre amarelos e ventos novos,
a vida pede cuidado —
um olhar mais doce, um gesto que salva sem dizer nada.
É o mês em que o mundo aprende a ouvir o silêncio do outro,
e a primavera, generosa,
ensina que até quem murchou pode voltar a florir.
Setembro é um sopro de empatia,
um lembrete de que viver é resistir
e, às vezes, recomeçar é o ato mais corajoso de todos.
Setembro floresce com cheiro de liberdade.
Bandeiras tremulam, mas é dentro da alma
que a independência realmente começa.
Entre amarelos e ventos novos,
a vida pede cuidado —
um olhar mais doce, um gesto que salva sem dizer nada.
É o mês em que o mundo aprende a ouvir o silêncio do outro,
e a primavera, generosa,
ensina que até quem murchou pode voltar a florir.
Setembro é um sopro de empatia,
um lembrete de que viver é resistir
e, às vezes, recomeçar é o ato mais corajoso de todos.
Novembro caminha devagar, com passos de lembrança.
É o mês em que o tempo se cala,
e o coração aprende a ouvir o que a ausência diz.
Velas se acendem como pequenas eternidades,
e o vento carrega histórias que o mundo não pode esquecer.
É o tempo de honrar o que veio antes,
as vozes que abriram caminho,
a pele, o sangue, a coragem.
Novembro nos ensina que memória é raiz —
e que lembrar também é um ato de amor.
Entre o luto e a luta,
ele floresce silencioso,
preto de dor, mas vivo de esperança.
Dezembro chega vestido de luz,
com o cheiro doce das despedidas e dos abraços que voltam.
As ruas brilham em festa,
e o mundo se cobre de laços e promessas.
Para uns, é tempo de presentes e Papai Noel;
para outros, é o renascer de um Menino que trouxe paz.
Entre sinos e orações,
dezembro nos ensina que fé e amor
ainda são o que sustentam o tempo.
É o mês que encerra, mas também recomeça,
onde o coração se despede do que foi
e abre espaço para o que virá.
E quando o último segundo se dissolve no céu,
o tempo se veste, mais uma vez,
de doze rostos —
pronto para começar tudo de novo.