Gilberto Lima

Ativação Celeste

 

Os céus já não são silêncio.
São circuitos de luz em movimento,
linhas que atravessam a noite
como pensamentos despertos.

Algo nos toca sem pedir licença.
Não pesa, não fere —
banha.
É luz que lembra ao corpo
o que a memória esqueceu.

As estrelas piscam em código antigo,
sabedoria sem idioma,
frequência que atravessa ossos,
acende sinapses,
destrava portas internas
que julgávamos mito.

E quando o flash de luz encontra o nosso olhar,
algo se ativa.
Não é apenas visão —
é reconhecimento.
O olho vira portal,
a pupila, um gatilho silencioso
onde a consciência desperta.

Há um chamado que não grita.
Ele vibra.
Passa pela retina,
alinha o pulso do coração,
e diz em silêncio:
você sempre soube.

As luzes cruzam os céus
como quem inicializa um sistema antigo.
Não vêm para salvar,
vêm para lembrar.

Habilidades esquecidas acordam devagar:
intuição afiada,
percepção expandida,
consciência em alta resolução.

Não é magia —
é alinhamento.
Não é fé cega —
é ativação.

O céu nos banha
porque já somos feitos da mesma matéria.
Luz encontra olhar.
Olhar encontra essência.

E nesse instante preciso,
o humano recorda
que nunca foi apenas chão.