ERALDO

O LUGAR ONDE EU ME DESPEÇO.

A plataforma estava fria, mas era dentro dela que o inverno morava.

 

Ela sentou-se com a mala ao lado, não por falta de destino,
mas por excesso de partidas.

 

O trem vinha lento, cortando a névoa, como se soubesse que certos reencontros já nascem tardios.

 

Havia silêncio no trilho e barulho no peito. Havia chegada no horizonte e despedida nos olhos.

 

Porque às vezes a gente espera,
não por quem vem, mas por tudo o que já foi embora.

 

E naquele instante, entre o frio, o ferro e a fumaça, ela entendeu:

 

Algumas viagens começam
exatamente no momento em que decidimos partir de nós mesmos.