Versos Discretos

Um Prelúdio Inesperado

Aproxima-te agora, aqui onde a penumbra nos convida ao segredo.
Quero a tua presença total, sem receios nem véus.
Deixa o teu corpo encontrar o meu, sem pressa e sem medo,
Enquanto a tensão se acumula entre nós, sob os céus.

Lê o primeiro verso, e deixa que a minha mão te toque o rosto.
Afago lento, que te percorre o maxilar, te contorna o queixo.
Sente a promessa que aguarda o nosso encontro exposto,
Um desejo mudo que em ti reconheço e revejo.

Não te apresses. Permite que a minha respiração se misture à tua,
Um hálito quente que anseia pela nudez da nossa rua.
Inclina a cabeça, oferece-me a curva suave do teu pescoço.
Sinto o teu pulso acelerar sob a minha pele faminta.

O meu lábio roça, leve e úmido, na tua pele de orvalho e de poço,
Um beijo preliminar que a excitação pinta.
A minha boca avança, desce, buscando o santuário mais fundo,
Onde o calor se concentra, onde o teu querer é infecundo em palavras.

Deslizo a mão pelo teu ombro, percorrendo a seda da tua roupa.
Sinto os teus seios, a promessa altiva que me é ofertada.
A minha palma pousa, possessiva, sobre a maciez da estopa,
Enquanto a ponta dos meus dedos te explora a curva desenhada.

O meu corpo te aperta, sentindo a resposta do teu ventre contraído,
Onde a ânsia nos faz vibrar num só gemido.
E agora, o meu olhar se fixa no teu, intenso e sem artifício.
Chegou o momento de avançar, de consumar o nosso intento.

Sente a minha pressão firme a guiar-te para o sacrifício,
Para o espaço onde o desejo alcança o seu alento.
O meu lábio se afasta, o meu hálito te fala, o meu corpo te puxa.
Com a voz rouca, que mal se sustenta, sussurro o nosso lema:
Venha, me acompanhe. O café está à mesa. Queres?