Dormir parecia abrigo sereno,
até que um sonho, profundo e pleno,
trouxe um toque vivo, quase fatal,
um amor tão forte que pareceu real.
Ao acordar, o peito tremeu,
como se o sonho não se desfez — só cresceu;
o quarto parado, mas o coração, não:
batia tão alto que ecoava na mão.
Os olhos cansados não queriam fechar,
com medo do sonho voltar a chamar;
era doce demais, e ao mesmo tempo dor,
um susto envolto no perfume do amor.
E naquela madrugada de luz tão pouca,
o coração correndo dentro da boca,
ficava a dúvida, quente e voraz:
como um sonho que nunca se faz
pode mexer tanto, sem sequer tentar,
e deixar a alma sem ar,
com medo de dormir
e, mesmo assim, querer sonhar?