Hoje a poesia me chega
Como um navio a surgir
Na longínqua linha.
Depois de tantas
Noites mudas, frias,
Soa seu apito
Me chamando para voltar
Ao convés empoeirado
Novamente sou lançado
À pirataria nos mares da mente
Do ritmo, que conduzia
Minha solitária rota.
Águas quais não são
Mais tão limpas,
Velhas ondas da insana vida.
Me leva em seu corpo antigo
De madeira forte,
Que canta em rangido
Em resposta à força das águas,
Sorrio lembrando
De tantas e tantas vezes
Que me afogando
estendi a mão
E segurei o ar.
Iço suas velas,
Para sair da deriva,
Tento controlar o destino
Tento modificar o real
Tento...
Tento...
Mas o vento me leva
A revisitar antigos cales
Que julgava esquecidos.
29 de Nov. 2024.