biancalessa_

Miserável de quem não sente amor

Tu chamas minha vida de miserável,
miserável de quem não sente amor.
Acusas minha rotina de ser mediana,
mediano de quem foge da responsabilidade.

As palavras que a mim proferes
têm o peso de uma folha antiga,
frágil, que se despedaça ao menor dos toques.

A miséria alcançou tua alma
antes mesmo de fazer parte do teu vocabulário.

A vida que me cabe,
não sei se injustamente,
mas com graça concedida,
também te pertence.

A força que habita meu ser
transborda pelos olhos muitas vezes,
mas nunca por miséria.

Miserável de quem nunca sentirá a dor de amar,
a plenitude de ser,
o abraço miúdo
que acolhe o mundo de
ausências
que deixastes.