Tu chamas minha vida de miserável,
miserável de quem não sente amor.
Acusas minha rotina de ser mediana,
mediano de quem foge da responsabilidade.
As palavras que a mim proferes
têm o peso de uma folha antiga,
frágil, que se despedaça ao menor dos toques.
A miséria alcançou tua alma
antes mesmo de fazer parte do teu vocabulário.
A vida que me cabe,
não sei se injustamente,
mas com graça concedida,
também te pertence.
A força que habita meu ser
transborda pelos olhos muitas vezes,
mas nunca por miséria.
Miserável de quem nunca sentirá a dor de amar,
a plenitude de ser,
o abraço miúdo
que acolhe o mundo de
ausências
que deixastes.