A noite repousa sobre nós
como um véu cúmplice.
Ela sabe o que teu olhar tenta esconder
e o que o meu promete revelar.
Aproximo-me devagar,
com a certeza tranquila
de quem já decifrou teus silêncios.
Meu toque não precisa pressa
basta o caminho lento sobre tua pele
para que teus segredos despertem.
Tuas respirações se entrelaçam às minhas,
como se cada uma pedisse
o próximo movimento.
E eu, guiado por tua entrega,
desfaço, um a um,
os nós invisíveis que guardam teus desejos.
Não digo nada.
Deixo que a tensão fale por mim,
que o calor entre nós conduza,
que teu corpo me confesse
aquilo que teus lábios hesitam em pronunciar.
Quando te envolvo entre meus braços,
a surpresa brilha em teus olhos
percebes que conheço teus anseios
como se fossem feitos para minhas mãos.
E no instante em que te rendes,
não por fraqueza, mas por vontade,
a noite se curva ao nosso redor,
repleta de um silêncio carregado,
vibrante, profundo.
Ali, no limite suave do desejo,
te conduzo ao ápice sem nome,
onde tudo é sensação,
e tua alma, por um momento,
se entrega inteira ao meu comando.